18 novembro 2021



Resenha # 231 : A Casa das Lembranças Perdidas


 


Título: A Casa das Lembranças Perdidas


Autor: Kate Morton


Páginas: 480


Editora: Arqueiro


Ano: 2021


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   Desde que a Arqueiro anunciou que relançaria  A Casa das Lembranças Perdidas fiquei animadíssima e muito ansiosa para realizar a leitura, pois a autora Kate Morton é a minha autora favorita e nunca me canso de admirar e panfletar suas obras... pode parecer tietagem e exagero de fã, mas, se você tem um autor favorito, certamente entende do que estou falando! A Casa das Lembranças Perdidas já tinha sido lançado aqui no Brasil por outra editora, mas estava indisponível há anos e, pra nossa felicidade, a Arqueiro o relançou e ainda trouxe um prefácio escrito pela própria autora, como um presente aos fãs. Iniciei a leitura muito animada, da mesma forma que uma criança aguarda por um doce!


   O livro traz a história de Grace Bradley, uma jovem que foi trabalhar na Mansão Riverton como criada quando era apenas uma menina, antes da Primeira Guerra Mundial. Durante anos, sua vida esteve ligada à família Hartford, mais particularmente às filhas, Hannah e Emmeline. Sempre vivendo nas sombras, Grace foi crescendo e acompanhando os mais diversos segredos dessa família tão imponente.


   No verão de 1924, em uma festa na casa, o belo, rebelde e misterioso poeta Robbie Hunter se mata com um tiro durante uma das festas que decretam os últimos suspiros da poderosa aristocracia inglesa. As únicas testemunhas foram as duas meninas e apenas elas – e Grace – sabem a verdade daquele fatídico dia.


   Muitos anos depois, em 1999, Grace tem 98 anos e vive seus últimos dias em uma casa de repouso quando recebe a visita de uma diretora que está fazendo um filme sobre os acontecimentos daquele verão. E, com isso, vem resgatar todos os detalhes de um passado cheio de segredos que permanecem guardados na memória de Grace Bradley, única testemunha ainda viva do drama vivido por uma família e das profundas transformações vividas pela sociedade da época.


   A diretora leva Grace de volta para a Mansão Riverton e desperta suas memórias e seus fantasmas. Há tempos escondidos nos recantos da mente da senhora, eles voltam a assombrá-la. Um terrível segredo ameaça vir à tona, algo que a história apagou, mas que Grace ainda lembra.


   Com uma trama misteriosa e emocionante, A Casa das Lembranças Perdidas é o retrato fascinante de uma época, uma reflexão sobre a memória e a devastação da guerra. Um romance vívido de suspense e paixão, com personagens e um final que o leitor nunca vai esquecer.

 


   A Casa das Lembranças Perdidas é narrado em primeira pessoa pela Grace, a criada da família Hartford, e, assim, acompanhamos pelo ponto de vista de uma empregada, a exuberância e a decadência de um família da aristocracia inglesa. Intercalando o passado de Grace, na época que ela era uma criada, com os dias atuais, onde ela está numa casa de repouso, a narrativa funciona com se a Grace idosa nos contasse a história dos Hartford, tudo sob o ponto de vista da “ala de serviço”. Diferente dos outros livros da autora, A Casa das Lembranças Perdidas é menos enigmático que os outros já publicados, o livro possui menos mistérios também, e, alguns deles, até consegui desvendar antes de serem revelados, o que nunca tinha conseguido antes! Porém, aquela sensação de “quero saber como foi” me fez ficar agoniada com alguns personagens durante vários momentos da leitura.


   O livro possui vários personagens, cada um ocupando o seu devido espaço e contribuindo para a demonstração de grandiosidade da aristocracia inglesa. A narradora Grace, é uma velhinha encantadora, que já viu muito do mundo, e que relata através de suas lentes, uma vida inteira de segredos, de fidelidade, de amores e de suas próprias tristezas. Não vou descrever todos os personagens, pois, o mais legal é ter a surpresa de conhecer quem é quem durante a leitura, mas, posso dizer, que o personagem por quem mais afeiçoei foi Hannah, ela é uma mulher decidida, á frente de seu tempo, mas, que vive aprisionada por causa dos costumes ingleses. Ela me fez rir, me fez ter esperanças, partiu meu coração e me fez chorar muito durante a leitura... sem dúvida, uma personagem que vai ficar por muito tempo na minha memória.


   A Casa das Lembranças Perdidas é um livro muito enriquecedor, onde a autora nos apresenta os hábitos dos ingleses muito ricos, suas perspectivas e realidades, perdas e ganhos durante a Primeira Guerra e a engenhosidade dos aristocratas em “parecer ser”, apesar de nada condizer com a realidade. Com uma aura sombria, Kate Morton foi extremamente competente em descrever os anos que antecederam a Grande Guerra. A divisão de classes, a nobreza e a classe inferior, a fome, e, como os empregados domésticos de alguns nobres ainda agradeciam pela “dádiva” de serem serviçais deste ou daquele nobre. Tudo isso é muito bem colocado no decorrer da trama e eu simplesmente amei! Já na segunda parte, o livro aborda os impactos da Grande Guerra, já mostra a derrocada de muitos nobres, as ruínas, a crueldade, mostra também a luta pelos direitos dos trabalhadores, pela liberdade das mulheres. Por isso, digo que o livro é sombrio, afinal, a história do mundo é sombria.


   Apesar da sinopse prometer um mistério a cerca da morte do poeta Robbie Hunter, o livro não é somente sobre isso, A Casa das Lembranças Perdidas é um livro que fala sobre o passado que vem assombrar o presente, a insistência em manter debaixo de sete chaves os segredos de família, a centralidade da herança (material, psicológica e física), mulheres aprisionadas (seja física ou socialmente), a diferença entre classes e a necessidade de manter as aparências. A Casa das Lembranças Perdidas é um livro que fala sobre o tempo, como ele nos molda e como ele pode ser implacável, e, parafraseando a própria Grace, “o tempo é o senhor da perspectiva. Um senhor desapaixonado, mas extremamente eficiente.”


   Enfim, essa resenha está parecendo uma aula de História, mas, os livros da Kate Morton tem muito dessa mistura de real e fictício mesmo. A Casa das Lembranças Perdidas já ocupa um lugar especial no meu coração e já anseio por novas obras da autora! Se você procura uma história viciante, que mistura crueldade e paixão, romance e suspense, tenho certeza que esse livro é pra você!!!

 


Curiosidade.: Apesar de ser o quarto livro publicado pela arqueiro, A Casa das Lembranças Perdidas, é o romance de estreia da Kate Morton. Esse título é o mais bem-sucedido na Inglaterra desde O código da Vinci, com direitos de tradução vendidos para dezenas de países.






15 comentários:

  1. Oi Diane,
    Acredita que nunca li nada da autora? Mas fiquei super curiosa com esse livro! Até já o coloquei na minha infinita lista de futuras leituras, haha. Amei a base da história e eu não resisto a um mistério, mesmo que seja raso. Além disso, achei muito bacana que a autora tenha trazido um retrato da época colocada no livro juntamente com reflexões sociais.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  2. Olá, Diane.
    Toda vez que vejo você falando sobre a autora fico querendo ler algo dela hehe. Me lembra muito a escrita da Lucinda Riley, que amo. Em dezembro vou pegar férias e de dezembro não passa, vou ler A casa do lago que comprei esses tempos atrás e ainda não li. E se gostar, o que acho que vou, com certeza vou querer ler todos dela. Achei muito legal a editora relançar o livro e ainda vir com um prefácio da autora.

    Prefácio

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  3. acho que ainda nao conhecia essa autora, mas achei esse livro perfeito, amo romance de época e fiquei com mt vontade de ler essa historia que conta dos anos 20 que é uma década que amo!

    www.tofucolorido.com.br
    https://www.instagram.com/liviaalli/

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  4. Di, sempre quando vejo algo da autora, eu lembro de você! ♥ Eu não li nada dela ainda, mas esse por ser narrado em primeira pessoa, bateu muita curiosidade. Não é o meu gênero favorito, mas sempre bom sair da zona de conforto. E essa frase da personagem faz total sentido. E eu adorei saber da curiosidade. Não tinha ideia! :)

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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  5. Oi Di, tudo bem?
    Esse livro daria um belo filme ou série, hein? Achei a proposta muuuito legal e adorei sua resenha. Confesso que minha curiosidade ficou atiçadíssima com relação a esse final surpreendente que você mencionou.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  6. Oi Di, tudo bom?
    Menina, eu dei esse livro de aniversário para minha mãe, de surpresa. Espero que ela goste tanto quanto você e depois eu também quero conferir a obra.
    Eu acho essa edição belíssimaaaaaaaaaaaaaaaa!
    Aliás, preciso ler algo da autora para ontem, você só elogia!
    beeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  7. Mês que vem vou finalmente conhecer a escrita de Kate. Irei participar de uma leitura coletiva e caso curta irei partir para outros livros dela. E a Casa ta na wishlist

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  8. Oi Di! Eu tenho e edição da Rocco deste livro e assim como outros livros da autora, quero muito conferir. Você sempre fala da obra dela com muita paixão e só me deixa mais curiosa. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  9. Oi Diane,

    Sempre quis ler algo da autora, mas sempre acabo enrolando e pego outro livro no lugar dela.
    Ver você falando com tanta paixão da história me deixou morrendo de vontade de ler ela.

    Bjs
    https://diariodoslivrosblog.blogspot.com/

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  10. Amei a resenha. Esse livro parece ser impossível de largar e já vou querer ler.
    Faz um tempo que quero ler A prisioneira do tempo da autora
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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  11. Eu nunca li nada da Kate, mas me interessei por esse. Achei legal que tem um foco nessa queda dos aristocratas durante a Primeira Guerra.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  13. Oi Diane,
    Desde quando vi vc postar no story que estava lendo estava esperando sua resenha. Com certeza vou amar esse livro também. Muito obrigada pela resenha ^^
    Bjos
    Kelen Vasconcelos
    https://www.kelenvasconcelos.com.br/

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  14. Olá
    Amei a sua resenha .Gosto desse estilo de narrativa em que a autora retrata os acontecimentos de uma época. Estou assistindo uma serie que se passa nesse período da história e é bem assim mesmo que os aristocratas se comportavam . Tinham porque tinham que manter as aparências e tinha toda a questão dos tratamentos dados as mulheres. Por tudo o que li da sua resenha eu quero muito ler esse livro

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