15 janeiro 2018



Resenha # 124 : A Pérola que Rompeu a Concha




Título: "A Pérola que Rompeu a Concha"
Autor: Nadia Hashimi
Páginas: 448
Editora: Arqueiro
Ano: 2017
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   Desde que a Editora Arqueiro anunciou o lançamento de A Pérola Que Rompeu a Concha estava extremamente ansiosa para realizar essa leitura, isso porque, adoro ler histórias narradas em outras culturas, principalmente, quando são muito diferentes da nossa. Geralmente leituras assim são um pouco mais complexas, nem sempre possuem finais felizes e coisas ruins acontecem com quem praticam o bem, porém, essas leituras são necessárias, enriquecem e obriga o leitor a refletir sobre assuntos que muitas vezes a sociedade tenta esconder. Iniciei a leitura com as expectativas á mil e fico feliz em dizer que Nadia Hashimi conseguiu suprir todas elas!
   O livro a história de Rahima e suas irmãs, filhas de um viciado em ópio, as irmãs raramente saem de casa ou vão à escola em meio ao governo opressor do Talibã. Sua única esperança é o antigo costume afegão do bacha posh, que permite à jovem Rahima vestir-se e ser tratada como um garoto até chegar à puberdade, ao período de se casar. Como menino, ela poderá frequentar a escola, ir ao mercado, correr pelas ruas e até sustentar a casa, experimentando um tipo de liberdade antes inimaginável e que vai transformá-la para sempre.
   Contudo, Rahima não é a primeira mulher da família a adotar esse costume tão singular. Um século antes, sua trisavó Shekiba, que ficou órfã devido a uma epidemia de cólera, salvou-se e construiu uma nova vida de maneira semelhante. A mudança deu início a uma jornada que a levou de uma existência de privações em uma vila rural à opulência do palácio do rei, na efervescente metrópole de Cabul.
    Entrelaçando as histórias dessas duas mulheres extraordinárias que, apesar de separadas pelo tempo e pela distância, compartilham do mesmo sofrimento, duras realidades que lhes são impostas, buscam a liberdade e ousam tentar mudar o próprio destino, enquanto sobrevivem entre o luto e a solidão, tentam encontrar a própria voz num mundo onde a desigualdade de gênero predomina.
   A Pérola que Rompeu a Concha intercala os capítulos entre as histórias de Rahima e Shekiba, onde os capítulos de Rahima são narrados em primeira pessoa na época da queda dos talibãs, já os capítulos dedicados a Shekiba são narrados em terceira pessoa no século XX, quando o Afeganistão era governado pelo rei Habibullah Khan. Com uma narrativa bem construída e extremamente delicada, Nadia Hashimi criou uma história complexa, densa e que toca direto no coração. A Pérola que Rompeu a Concha é um desses livros que você simplesmente vai se chocar ao ver coisas ruins acontecendo com pessoas do bem, mas, que ainda assim traz muito sobre o destino de cada um e a esperança de ser capaz de mudá-lo, fala ainda sobre amor, fé e sobre ter esperanças em dias melhores.
    Apesar de ser uma história fictícia, fiquei impressionada com os personagens do livro, eles foram criados com tanta perfeição que simplesmente parecem ser reais e, infelizmente, acredito que existam muitas Rahima’s e Shekiba’s espalhadas pelo Afeganistão. Rahima é uma personagem sensacional, inspiradora e não minto que suas passagens me deixava com lágrimas nos olhos, afinal, ela era apenas uma criança de 13 anos que teve que abrir mão de toda a sua família para assumir responsabilidades de uma mulher adulta, e isso, é claro, contra a sua vontade. Shekiba (trisavó de Rahima) também é uma mulher muito sofrida que lutou contra a solidão ao ver todas as pessoas que amava partirem e mesmo assim permaneceu firme e foi forte o suficiente para aguentar todas as consequências de ser órfã e mulher.
    A Pérola que Rompeu a Concha é um livro que traz a tona muitos assuntos a serem discutidos como casamento infantil, culturas que valorizam os filhos em detrimento das filhas, abusos dos mais variados jeitos, dependência de drogas, corrupção e, principalmente, sobre como as mulheres não tem voz e nem um pouquinho de liberdade, as mulheres afegãs são criadas apenas para satisfazer os homens e nada mais. O livro fala ainda sobre o real costume afegão do bacha posh, onde em casas que só tem mulheres é comum vestir uma menina de menino para ajudar em certas tarefas que o sexo feminino é proibido de realizar. O mais triste dessa prática é perceber que uma menina vestida do sexo oposto é aceita em qualquer lugar, mas, a partir do momento que ela toma sua real identidade ela volta a ser privada de tudo... Sinceramente, é muito triste acompanhar tudo isso sabendo que em algum lugar milhares de mulheres podem estar passando por tudo isso.
   Enfim, A Pérola que Rompeu a Concha é um livro intenso, sensacional e tão maravilhoso e bem escrito que simplesmente não consigo expressar em palavras o que senti ao ler esse livro, gostaria de falar mais e mais sobre ele, mas, A Pérola que Rompeu a Concha é tão bom que não existe palavras suficientes para descrevê-lo... Leiam, vocês não vão se arrepender!




23 comentários:

  1. Heiii, tudo bem?
    Desde o lançamento que acho esse livro sensacional.
    Não tenho coragem de ler, pois acho que ficaria com uma baita ressaca, ainda mais pelo modo como sao tratadas as mulheres na história, ficaria revoltada demais.
    Ainda quero ler um livro da Nadia Hashimi, mtos elogios com a autora e so aumentam a minha curiosidade.
    Beijos.

    Livros e SushiFacebookInstagramTwitter

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  2. Livros assim me chamam muita atenção, apesar de todo drama, toda aflição que a leitura nos transmite é algo real, palpável e que sabemos que é a realidade de muitas mulheres. Os assuntos abordados nele são discutidos aqui em nossa cultura, porque infelizmente na deles não tem conversa. Quero muito ler esse livro e gostei de saber o quanto gostou do livro.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  3. Oiee ^^
    Esse livro mexeu tanto comigo! Por mais que eu sentisse raiva de alguns personagens e também das pessoas que fizeram os países do Oriente o que eles são hoje (a parte em que as mulheres são tratadas pior que lixo), eu amei outros personagens e torci muito para que a Rahima conseguisse ser feliz. É mesmo muito intenso.
    MilkMilks ♥
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br/2018/01/underground-airlines.html

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  4. Eu imaginei que fosse uma história real! Bacana você ter explicado que é fictícia! Eu só vejo comentários positivos a respeito desse lançamento e to me roendo pra não compra-lo logo, me parece ser emocionante! É sempre bom ler sobre outras culturas.

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  5. Você não sabe a curiosidade que me despertou com essa resenha, eu também sou apaixonada por livros que mostram a realidade de outras culturas, o mundo é um lugar tão singular, com pessoas,culturas e realidades diferentes e eu adoro conhecer nem qu seja um pouquinho disso, ainda mais sendo retratado essa realidade em dois periodos diferentes da história, amei a dica e com certeza irei colocar na minha lista de leituras.

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  6. Adoro livros que tem uma certa carga emocional, e confesso que eu ficaria super nervoso lendo uma obra como essa, vendo o modo como as mulheres são tratadas e tudo mais, me revoltaria muito.
    Só ouço elogios dessa autora e principalmente dessa obra dela, espero um dia poder conhecer o seu trabalho.
    Parabéns pela resenha.

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  7. Olá, muito boa a sua resenha. Eu quero ler esse livro, apesar de achar que me incomodaria demais com a falta de liberdade das protagonistas, ainda mais sabendo que é algo que infelizmente acontece na vida real.

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  8. Olá!
    Eu estou com muita vontade de ler essa história. Primeiro porque deve ser emocionante e ao mesmo tempo um choque de realidade sobre lugares com diferenças sociais tão grandes que fica impossível não se emocionar. E sua resenha nos convida a querer embarcar na leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  9. Vi esse livro em outro blog que falava de lançamentos e esse foi dos que me interessou. Gosto de livros assim pelo menos os que li eu gostei, livros que se passam nesses paises e tals...é uma lugar que tem varios temas que sei lá nao concordo é acho que e por isso qie gosto tanto.
    Amei sua resenha e se eu tiver a oportunidade de ler com certeza lerei.

    Bruna
    http://www.divagandopalavras.com

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  10. Eu adoro livros que nos inserem em culturas tão diferentes da nossa e acho que isso acontece com este livro, além deste choque cultural, acredito que seja um livro bem emocionante também.
    Quero ler.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  11. Oie
    AHHHH, eu vi ótimas resenhas desse livor e fiquei super interessada. Imagino que deva ser bem intenso mesmo, gosto de narrativas assim. Não vejo a hora de ler. Amei tua resenha.
    BJos, Bya! 💋

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  12. Olá!
    Já li a respeito desse livro antes, realmente parece uma ótima opção de leitura e sua resenha reforça isso! Adorei!
    Bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  13. Olá! Não acredito que eu tenha deixado passar esse lançamento despercebido, mas estou agradecendo aos deuses por ter encontrado a sua resenha, estava realmente a procura de livros que abordassem culturas diferentes e temas impactantes e necessários. Anotada a dica! Enfim, adorei conferir suas impressões.

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  14. Oi! Adoro histórias que abordam sobre a realidade e choques de cultura de outros países tão distantes da nossa.
    Triste ver como ainda predomina esse tipo de pensamento, em alguns lugares, de que a figura do homem é mais importante que a mulher...
    Não conhecia a obra, mas já anotei a dica aqui.
    Beijos!

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  15. Olá, tudo bom?

    Vou confessar que é difícil eu ler histórias que se passam em outras leituras, apesar de gostar disso. É legal sempre aprendermos sobre esse assunto e acredito que os livros são essenciais para nos ensinar, porém o que praticamente vemos é sempre histórias que se passam no Brasil, Estados Unidos e Europa. O enredo é bem interessante e eu fiquei curiosa sobre como a autora desenvolveu tudo. Além disso, saber que é um livro intenso e que você não consegue nem achar palavras para descrevê-lo, só demonstra a grandiosidade da obra e de como eu preciso colocá-la na minha lista de desejados urgentemente!

    Enfim, adorei a postagem e agradeço a indicação :)
    Abraços.

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  16. Com certeza existem muitas delas, não só no Afeganistão, mas como em muitos outros países do oriente médio. É uma realidade que muitas mulheres enfrentam e para a qual poucas pessoas se importam.
    Eu acho a proposta do livro interessantíssima, essa questão de sobrevivência deve ser dolorosa de acompanhar, mas não é um livro que eu leria no momento. A hora dele vai chegar.

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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  17. Olá ♥
    Toda leitura é valida, mas amo leituras que me proporcionam conhecer culturas diferentes. Não conhecia a obra, mas parece ser tocante em muitos pontos e isso me deixa muito feliz. Parece ser um livro tocante e que vamos aprender muito com ele. Espero poder fazer a leitura em breve, pois realmente o enredo me encantou, se bem que vindo da arqueiro tudo me agrada. Beijos

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  18. Oie, tudo bom?
    Eu adoro livros ambientados em diferentes culturas! Sou apaixonada de verdade, e amei saber mais sobre essa obra tão complexa e ao mesmo tempo tão reflexiva. Belo post <3

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  19. Oie,
    Livros que falam de outras culturas tendem a nos mostrar sempre um conhecimento e diferencial a mais. O enredo parece tocar a lama, certo? Eu gosto de enredos simplistas em que os autores se preocupam em tocar o nosso coração. Fiquei apaixonada pelo modo que você conduziu a resenha. Me dá um gancho para ler o livro de verdade.

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  20. Olá!
    Eu estou ouvindo falar muito bem desse livro em todos os lugares que vejo ele. Gosto de pensar em todas as diferenças que ainda existem de um país para o outro. Sua resenha demonstrou bem o quanto você curtiu essa leitura.
    Beijos.

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  21. Me interessei por esse livro justamente por conta da cultura, adoro, são os livros mais proveitosos pra mim.
    Percebi a intensidade e toda carga dramática desse enredo, que mesmo fictício, nos mostra claramente tudo que o essas mulheres vivenciam na realidade.

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  22. Olá!
    Acho super válido leituras desse tipo. Nós faz perceber o quanto nossas culturas são diferentes e quanta falta de liberdade ainda existe, principalmente com as mulheres. O enredo parece ser bem rico nos detalhes, o que me agrada bastante. Adorei conferir.
    Bjim!
    Tammy

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  23. Olá, tudo bom?
    Assim como você, adoro livros que nos apresentam outras histórias e este está na minha lista para futuras leituras! Curti essa narrativa intercalada e confesso que fiquei bem curiosa para conferir a abordagem sobre o casamento infantil, a falta de direitos da mulher na sociedade onde foi ambientada o livro e a preferência dos filhos em detrimento das filhas. Sugestão mais que anotada!
    Beijos!

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