18 junho 2018



Resenha # 144 : O Sol na Cabeça




Título: "O Sol na Cabeça"
Autor: Geovani Martins
Páginas: 122
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2018
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    Não é novidade para ninguém que valorizo a literatura nacional e sempre que posso trago alguma obra nacional para o blog. Sendo assim, quando a Companhia das Letras me enviou O Sol na Cabeça, livro de estreia de Geovani Martins e que já foi vendido para 8 países, fiquei bastante entusiasmada e com as expectativas lá no céu para conferir o que Geovani tem para contar para seus leitores... Mesmo estando fora da minha zona de conforto, já adianto que foi uma leitura bem impactante!
   O livro é uma seleção de 13 contos, onde acompanhamos a infância e a adolescência de garotos para quem às angústias e dificuldades próprias da idade soma-se a violência de crescer no lado menos favorecido da “Cidade Partida”, o Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XXI.
   Em “Rolézim”, uma turma de adolescentes vai à praia no verão de 2015, quando a PM fluminense, em nome do combate aos arrastões, fazia marcação cerrada aos meninos de favela que pretendessem chegar ás areias da Zona Sul. Em “A História do Periquito e do Macaco”, assistimos às mudanças ocorridas na Rocinha após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP. Situado em 2013, quando a maioria da classe média carioca ainda via a iniciativa do secretário de segurança, José Beltrame como a panacéia contra todos os males, o conto mostra que, para a população sob o controle da polícia, o segundo P da sigla não era exatamente uma realidade. Em “Estação Padre Miguel”, cinco amigos se vêem sob a mira dos traficantes locais.
   Nesses e nos outros contos, chama a atenção a capacidade narrativa do escritor, pintando com cores vivas personagens e ambientes sem nunca perder o suspense e o foco na ação.
   O Sol na Cabeça é um livro composto por 13 histórias e personagens diferentes, sendo assim fica até difícil julgar o livro como um todo, pois, como é comum em livros compostos por contos, algumas histórias te cativam mais outras nem tanto. A linguagem usada pelo autor é extremamente informal, repleta de gírias e expressões populares, confesso que em alguns momentos me senti até perdida e não entendia nada que o autor queria dizer (rsrsrs...), porém, toda essa informalidade é compreensível, pois, Geovani Martins expõe de forma crua os hábitos, costumes e jeito de falar dessa classe alvo.
   Achei interessante que todos os 13 contos são extremamente simples, relatam a vida nas favelas de forma nua e crua ao apresentar para o leitor o prazer das brincadeiras de ruas, dos banhos de mar, a adrenalina da pichação, as paqueras, e também o lado mais obscuro, como a vida dos viciados, o tráfico, as milícias e as discriminações raciais e sociais de pessoas de outras classes sociais. Geovani Martins explorou tudo isso de forma bem clara e ousada, dos 13 contos os que mais me chamaram a atenção e se destacaram foram “O Cego” e “Travessia”.
    O Sol na Cabeça é um livro polêmico e um tanto ousado, porém, fiquei incomodada com o exagerado consumo de drogas dos personagens, afinal, os livros tem papel fundamental na hora de influenciar e ensinar o leitor, então, na minha opinião, não achei legal encontrar personagens que valorizam e se consideram “descolados” por tal hábito. Diariamente vemos nos jornais as conseqüências e a violência que esse vício atrai e, ao meu ver, não encontro nada de legal nisso...
   Enfim, apesar de algumas ressalvas, O Sol na Cabeça, ainda cumpre o seu papel de impactar o leitor, onde o autor explora de forma crua e real o dia a dia dos moradores de favela.




14 comentários:

  1. Vejo que o livro mostra uma realidade crua mais verdadeira. E te entendo com a ressalva da questão das drogas. Apesar disso, o importante é que o livro cumpre o proposto, uma boa leitura para aqueles que procuram conhecer a realidade brasileira de uma maneira bem simples e informal.

    Beijos
    http://ventoliterario.blogspot.com

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  2. Olá, Diane.
    Eu não conhecia o autor até ver as chamadas do programa do Bial, mas acabei não assistindo. Eu não sou tão fã de livros de contos, mas me interessei pelo tema dos contos. Mas não sei se gostaria por ser bem real, até porque eu leio para fugir dessa realidade hehe.

    Prefácio

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  3. Oi Diane! Realmente quando se tem um livros de contos, alguns agradam mais que os outros. Eu estou com o livro na minha estante e gostei da proposta!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  4. Oi, Diane
    Eu li o livro também e confesso que não entendo bem o que o autor queria dizer com alguns dos contos, mas gostei do primeiro por causa da forma como ele entrega o personagem através da narrativa.
    Beijos
    http://www.suddenlythings.com/

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  5. Oi Diane.

    Não sabia que o livro era de contos e todos relatam a vida nas favelas de forma nua e crua. Vou adicionar na minha lista de desejados, pois gosto de ler contos e com este tema até o momento eu li apenas um. Obrigada pela dica.

    Bjos
    http://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/

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  6. Oi Diane, tudo bem?

    Eu realmente gostaria de ler mais livros nacionais e gostei da proposta desse livro. Não sou muito fã de contos, mas é só uma questão de costume.
    O tema abordado é de extrema relevância para o nosso país, nossa juventude, nossos jovens e, com certeza, se repete em tantos outros lugares do mundo, mas acho que precisamos olhar para dentro primeiro, nos impactar com a realidade do nosso país colocada no papel... admiro os autores que fazem isso com maestria e tocam os leitores, desempenham seu papel em abrir os olhos da sociedade leitora para uma realidade que muitos não conseguem escapar.
    Realmente a questão das drogas irá me incomodar também, mas já saber disso é um primeiro passo para conseguir assimilar melhor o que o autor estará trazendo nos contos.
    Dica anotada!

    Beijos
    http://espiraldelivros.blogspot.com/

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  7. Oi, Diane! Tudo bem?

    Você comentou na minha última resenha que estava lendo o livro e agora sou eu: Minha atual leitura é o Sol na Cabeça. Estou quase no fim e estou realmente amando. A verdade nua e crua que o autor traz até incomoda, mas daquele jeito que nos faz pensar.
    Também fiquei e fico meio perdida com as gírias (principalmente no primeiro conto), mas é interessante que isto nos dá a visão de como é o cotidiano daquela pessoa e a forma como ela pensa.
    Ainda não terminei, então não posso falar tanto das ressalvas. Mas é realmente uma obra e tanto.

    Beijos,
    Magia é Sonhar

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  8. Gosto bastante de contos, ainda mais quando retrata com ousadia a nossa realidade, só não sei se eu me adaptaria com facilidade a essa narrativa informal usada pelo autor, pois quase não leio livros assim e nem preciso dizer que é uma pena alguns contos ter dado a impressão errada sobre consumo de drogas, uma pena, ainda mais por ser um livro de uma editora tão respeitada.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com

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  9. Olá eu não gosto de livros de contos não e por mais que esse livro seja um bom livro por ter uma narrativa informal não me interessou eu passo essa dica

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  10. Não sou muito de ler nacional e muito menos contos, mas o que me deu mais gás de ler esse livro foi você informar que ele foi vendido para 8 países.

    Dá um calor bom no coração ver nossa literatura ganhar o mundo. Eu fico me policiando para ler mais livros nacionais sempre, pq sinto que não damos valor para os nossos autores e me sinto muito culpada por isso.

    https://thereviewbooks.com.br/
    #thereviewbooks | @thereviewbooks

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  11. Oi Diane, sua linda, tudo bem?
    Pelos temas abordados, funcionaria mais para mim se fossem reportagens, pois não tenho o costume de ler contos, com algumas raras exceções. E confesso que também ficaria incomodada pelo autor não ter feito a crítica ao uso de drogas. Mas para quem é leitor de contos, pode ser uma boa dia. Gostei da sua resenha!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com/

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  12. Olá, tudo bem? Conheço esse livro do autor por nome, e sempre tive grande curiosidade em lê-lo, justamente por trazer uma realidade que vivo no dia-a-dia (moro no RJ). Eu acho que com relação as drogas, não posso julgar fora do contexto, mas de fato se for isso é bem errado a falta de alerta! Ótima resenha!
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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  13. Nossa que bacana o livro já estar em 8 países, eu vi uma entrevista com o autor, mas fico com o pé atrás com relação às gírias e as palavras que não estão de acordo com o português que aprendemos na escola, segundo ele o compromisso era trazer as falas como acontecem na comunidade.
    Concordo com você com o papel que o livro desempenha na vida das pessoas e se ser descolado é usar drogas, isso me incomoda muuuuito. Não lerei. Não recomendo e boicoto.

    Bjo
    Tânia Bueno

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  14. Oi tudo bem?
    Desde que vi o lançamento desse livro estou curiosa com ele, também valorizo muito a literatura nacional e Sol na Cabeça traz temas bem polêmicos e gosto de unir uma boa leitura com reflexão.
    Bjs!

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