Resenha # 226 : A Prisioneira do Tempo

Título: "A Prisioneira do Tempo"

Autor: Kate Morton

Páginas: 448

Editora: Arqueiro

Ano: 2020

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   Quem me acompanha por aqui já deve saber que sou muito fã da autora Kate Morton, amo demais suas histórias, não me canso de panfletar e se pudesse leria até sua lista de compras! Sempre fico admirada com a capacidade que a autora tem em viajar no tempo, entrelaçar histórias e nos sugar para dentro do livro. Quando comecei a ler A Prisioneira do Tempo fiquei com certo receio de me decepcionar, pois estava com expectativas altíssimas, porém, mais uma vez Kate Morton me envolveu, me deixou apreensiva e me surpreendeu de um jeito que só ela consegue!

   O livro gira em torno do fatídico verão de 1862, onde um grupo de jovens artistas liderado pelo talentoso e passional Edward Radcliffe segue para Birchwood Manor, uma bela casa de campo às margens do rio Tâmisa. O plano é passarem um mês isolados em uma aura de inspiração e criatividade. No entanto, ao fim do verão, uma mulher está morta e outra desaparecida, uma herança inestimável se perdeu, e a vida de Edward está arruinada.

   Mais de 150 anos depois, Elodie Winslow, uma arquivista de Londres, descobre uma bolsa de couro contendo dois itens aparentemente sem conexão: a fotografia de uma mulher de aparência impressionante, vestida em roupas vitorianas, e o caderno de desenho de um artista, que inclui o rascunho de uma grande casa à beira de um rio.

   Por que Birchwood Manor parece tão familiar a Elodie? E quem é a linda mulher na fotografia? Será possível, depois de tanto tempo, desvendar seus segredos?

   Narrada por diversos personagens ao longo das décadas, A prisioneira do tempo é uma história de assassinato, mistério e roubo, de arte, amor e perda. Entremeando cada página, há a voz de uma mulher que teve seu nome apagado da história, mas que assistiu a tudo de perto e mal pode esperar pela chance de contar sua versão dos fatos.

  A Prisioneira do Tempo é narrado em terceira pessoa e intercala os pontos de vista de vários personagens de épocas distintas. Porém, nesse livro, Kate Morton traz um diferencial: entre as várias narrativas em terceira pessoa, há uma em primeira pessoa, cuja personagem é o principal mistério ao redor dos acontecimentos em Birchwood Manor. A questão é que essa personagem é um fantasma que habita o local há mais de 150 anos e, através de suas impressões a respeito dos moradores que por ali passaram ao longo do tempo, vai nos ajudando a reconstruir os acontecimentos. Assim, entre essas passagens em primeira pessoa, encontramos blocos narrativos em terceira pessoa, cada um em um diferente momento no tempo, pela perspectiva de algum personagem que passou por aquela casa. Dessa forma, temos diferentes histórias sendo narradas que, apesar de suas particularidades, constroem uma ainda maior.

   A escrita da Kate Morton é bem detalhada, rica em impressões e sensibilidade, o que acaba tornando a leitura um pouco lenta. Os livros da autora não são leituras de se ler em uma sentada só ou de forma frenética, pelo contrário, são histórias para ser degustada, aproveitando cada pecinha para montar o desfecho final de um mistério impossível de ser desvendado. Os vários personagens que a obra nos apresenta são no mínimo reais, tem suas próprias extravagâncias e peculiaridades, mas o que mais me chama a atenção são as várias “camadas” que a autora consegue dar para cada um. A construção de cada um é perfeita e quanto mais vamos lendo, mais vamos descobrindo suas camadas e nos aproximando da verdadeira essência de cada um deles e, ás vezes, isso vai muito além do que os olhos da sociedade conseguem enxergar.

   Falar sobre os livros da Kate Morton é um pouco difícil pra mim, sinto que nunca consigo expressar tudo aquilo que senti lendo. Pode parecer coisa de fã, pode parecer tietagem, mas a verdade é que considero as histórias da Kate Morton perfeitas... Simplesmente não consigo encontrar nenhum defeito, nenhuma ressalva. E o mais impressionante é que não sei como, mas, sempre que leio algo dela é como se renovasse o meu amor pelos livros, sinto que ela me faz lembrar que eu sou uma leitora e livros são minha paixão. Kate Morton consegue me sugar pra dentro do livro, me faz questionar, aguça a minha curiosidade e me transforma numa leitora diferente a cada livro lido.

    Enfim, A Prisioneira do Tempo é uma trágica história de amor repleta de segredos, mentiras, perdas e decepções, que atravessou a barreira do tempo até encontrar seu desfecho. É um livro sobre arte, sobre História, sobre sentimentos e com uma delicadeza que transborda os sentidos de qualquer leitor! Essa resenha pode parecer muito babona, mas, acredite em mim, não consegui transmitir nem a metade do que o livro representa... Mais um livro da Kate Morton favoritado pra vida!