06 abril 2021



A Menina Que Roubava Livros e a Pandemia



Há saídas em uma época narrada pela morte?


   A Menina Que Roubava Livros, do autor Markus Zusak traz uma narradora peculiar: a morte! A história se passa no ano de 1939, em plena Segunda Guerra Mundial. O cenário é a Alemanha nazista, seus bombardeios e, como pano de fundo, o horror e a devastação de uma guerra. A personagem principal, Liesel Meminger, uma pré adolescente, em meio a muitas perdas e traumas como a morte do irmão, e a separação de sua mãe, é “capturada” pelo desejo pela leitura. Sua alfabetização e seu amor pela leitura, além de apresentá-la a infinidade de possibilidade das palavras, promovem sua vinculação com a nova família, amigos e vizinhos. A leitura a representava, salvava de um contexto tenebroso e a conectava aos outros.


   Há mais de um ano, nós brasileiros e o resto do mundo, assim como Liesel, tivemos nosso encontro inesperado com a estranheza e o horror através da pandemia. E, cada vez mais, a sensação é que nossos dias são regidos e narrados pela morte a qual traz boletins diários de seu desempenho... Já passamos da marca de 330.000 mortes. 330.000 vidas perdidas. 330.000 histórias encerradas inesperadamente. E, o pior, é que o ser humano parece se acostumar com esses números e ignoram o fato de que são milhares de “uns” que perderam suas vidas, que deixaram famílias, que deixam amores, que deixaram saudade... O fato é que a morte realmente está contando uma história e cabe á nós escutar, prevenir e “se esconder”  para que ela não nos encontre.


  Já passamos por tantas fases desde o início da pandemia. Negação, otimismo, pânico e temos um “líder” que faz tudo, menos ser um líder. Um líder que propaga a desinformação, o pânico e a insensibilidade. Porém, em meio a tantas coisas ruins e ainda em meio a muitas incertezas, aos poucos, vai surgindo esperança para atravessar esse período que se prolonga e de cujo enfrentamento não podemos desistir. Há o isolamento forçado, o recolhimento, a introspecção, o silêncio, a dor, as perdas, mas sobrevêm a empatia, o reconhecimento, a  valorização do outro, de nós mesmo e do espírito de coletividade.


   Mesmo diante do medo e das incertezas, o que temos para enfrentar isso tudo é o que está em cada um de nós e o que podemos encontrar no outro e no mundo. Que, assim como aquela menina que roubava livros, possamos nos deixar capturar pelo universo literário, ou simplesmente, por algo que desejamos ou que nos mova. Que nessa turbulência, surjam aprendizados, novos leitores (porque não?), outros modos de olhar a si e a vida, caminhos ou até a retomada de algo que acabou ficando perdido pelo caminho! Assim como Liesel, chegou a hora de se reinventar!




7 comentários:

  1. A gente já passou tantos horrores né? Tá, não passamos. Mas a humanidade passou e isso sim, nos afeta até hoje.
    Liesel, Segunda Guerra, nazismo. Puxa, se formos pensar em tudo, enlouquecemos.
    Liesel traz uma esperança que comparo com Anne Frank e por isso, cheira a esperança.
    Esperança que teremos oportunidade de sim, recomeçar, mesmo em meio a dor e aos caos.
    Que assim seja!!!
    Post maravilhoso!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Olá, Diane.
    Eu amo esse livro, foi um dos melhores que já li na minha vida. E amei a analogia. Mas eu estou perdendo minha fé na humanidade. Vejo tanta gente desrespeitando as regras e o próximo, é uma falta de amor e empatia. E tem gente que mesmo acontecendo com alguém da família ainda continua desrespeitando. Sem falar nos que acreditam que é tudo mentira porque querem derrubar o presidente.

    Prefácio

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  3. Ainda não li A Menina Que Roubava Livros, mas dentro do contexto do livro, achei genial o contraponto que você faz da pandemia com a ambientação da guerra, pois realmente, estamos perdendo vidas todos os dias, e são vidas se tornando apenas números. Me identifico com a protagonista do livro, pois em meio ao caos que o Brasil está vivendo, eu tenho encontrado acalento nos livros, onde eu posso simplesmente fugir pra qualquer lugar longe da pandemia.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  4. Ainda náo li esse livro mas concordo com a analogia que você fez .vivemos com medo .e o pior é que náo temos sequer um prognóstico de quando isso vai acabar .
    Sáo muitas vidas que se foram ceifadas.
    Tenho encontrado força e esperança na minha fé.
    Tenho nos livros um aliado para atravessar esse momento táo difícil.

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  5. Amei o post. É tão estranho como as pessoas pararam de se sensibilizar com a dor do outro, e em como vidas viraram apenas números.
    Ainda não li o livro pois sempre fiquei com medo de não gostar rs
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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  6. Que analogia incrível! Que possamos se reinventar nesses tempos sombrios e difíceis que todos nós passamos.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  7. Eu amo tanto esse livro. ♥ E a comparação que você fez é simplesmente sem palavras! É um post que traz esperança e uma palavra que faz todo sentido: reinventar. O mundo tá muito doido. É triste cada vez que olhamos a quantidade de vidas perdidas. Mas acho que o que mais tenho aprendido é que a gente só pode fazer a nossa parte. Que a gente siga respeitando o próximo e colocando na prática a empatia. Independente da atitude dos outros! Que essa a gente, infelizmente, não pode controlar. Se cuida, viu? E obrigada por compartilhar um post tão inspirador. :)

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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