Resenha # 180 : A Grande Solidão

Título: "A Grande Solidão"
Autor: Kristin Hannah
Páginas: 400
Editora: Arqueiro
Ano: 2018
Adicione no Skoob


   Kristin Hannah é uma das autoras que mais recebo recomendações de leitores, mas que infelizmente nunca tinha tido a oportunidade de conhecer suas obras. Como todos vocês já devem saber, sou uma grande admiradora de romances e dramas, portanto, nunca tinha dúvidas de que as histórias dessa autora me conquistaria, e foi com esse pensamento que comecei a leitura de A Grande Solidão, um livro que prometia desde a sinopse uma experiência tocante e com um misto de sentimentos capazes de moldar o leitor. Apesar de estar com as expectativas altíssimas Kristin Hannah conseguiu suprir todas elas e agora quero ler tudo o que essa mulher tiver escrito!
    O livro traz a história de Ernt Allbright, um homem que vive atormentado desde que voltou da Guerra do Vietnã. Buscando o isolamento do mundo e com a esperança de encontrar a tão desejada paz e tranquilidade, Ernt decide se mudar com sua família para um local isolado e solitário no Alasca. Sua esposa, Cora, é capaz de fazer qualquer coisa pelo homem que ama, inclusive segui-lo até o desconhecido. A filha de 13 anos, Leni, também quer acreditar que a nova terra trará um futuro melhor.
   Num primeiro momento, o Alasca parece ser a resposta para tudo. Ali, os longos dias ensolarados e a generosidade dos poucos habitantes locais compensam o despreparo dos Allbrights e os recursos cada vez mais escassos. Porém, o Alasca não transforma as pessoas, ele apenas revela sua essência. E Ernt precisa enfrentar a escuridão de sua alma, ainda mais sombria que o inverno rigoroso. Em sua pequena cabana coberta de neve, com noites que duram 18 horas, Leni e a mãe percebem a terrível verdade: as ameaças do lado de fora são muito menos assustadoras que o perigo dentro de casa.
    A Grande Solidão é um retrato da fragilidade e da resistência humana. Uma bela e tocante história sobre amor e perda, sobre o instinto de sobrevivência e o aspecto selvagem que habita tanto o ser humano quanto a natureza.

   A Grande Solidão é narrado em terceira pessoa sob as perspectivas de Leni e a narrativa é dividida em três partes, onde podemos acompanhar o amadurecimento de Leni e suas tentativas em compreender o amor imprevisível que une os seus pais. A escrita de Kristin Hannah é extremamente tocante, delicada, frágil e faz com que o leitor se vê imerso em todas as situações e sintam o que os personagens estão sentindo, por diversas vezes tive que fechar o livro e tentar segurar as lágrimas que teimavam em cair. Outro fato interessante é que a autora descreve de forma magistral toda a paisagem inóspita do Alasca, fazendo com que o leitor se sinta em meio a todo aquela ambiente gélido, escorregadio e traiçoeiro. Os personagens, sentimentos, ações, desenrolar da história... Tudo foi feito com perfeição e ao finalizar a leitura não tenho outra palavra melhor para definir Kristin Hannah do que EXPETACULAR!
    Os personagens são bastante vívidos, facilmente percebemos todo o ódio, tormento e imprevisibilidade presente na personalidade de Ernst e como tudo isso molda a vida de sua família. Já Cora, é uma mulher que poderia ter uma vida totalmente diferente, mas que se sente refém do amor que sente por Ernst e se agarra a ilusão de que ele pode melhorar, eles podem voltar a serem felizes e com isso arrasta para esse turbilhão de emoções sua filha Leni, que passa a acreditar em todas as ilusões criadas por sua mãe. Desta forma, Leni e Cora passam a medir suas ações, tomando cuidado extremo para nunca ativar o lado monstruoso de Ernt, não percebendo que elas mesmas estavam caminhando numa direção obscura e angustiante.
    A Grande Solidão é um livro que trata o amor como um sentimento selvagem, onde em meio a tantas vertentes ele pode ser tanto a salvação quanto uma ruína. Até que ponto o amor pode chegar, sem se tornar uma obsessão? Esse é o maior questionamento do livro e nos faz pensar em vários desdobramentos que esse sentimento pode trazer para uma pessoa que está completamente apaixonada e cega para todas as imperfeições daquele que devia amá-la. Um fato que achei interessante é que A Grande Solidão mesmo se passando em meados de 1970 nos mostra as inúmeras dificuldades que mulheres vítimas de violência domestica enfrentavam naquela época, o que destaca a origem de barreiras ainda sentidas em dias atuais em situações bem semelhantes. Ao meu ver, a maior mensagem que Kristin Hannah deixa nas entrelinhas das páginas é que nós mulheres devemos ser fortes, sobreviventes e a heroína de nossas próprias histórias!
   Enfim, A Grande Solidão é um livro extremamente sensível, intenso e brutal num cenário arrebatador e selvagem, Kristin Hannah escreve com uma perfeição impar e presenteia seus leitores com um romance único, dilacerante e difícil de esquecer. Recomendo a leitura de olhos fechados pra todos vocês!