Resenha # 171 : Mas tem que ser mesmo para sempre?

Título: "Mas tem que ser mesmo para sempre?"
Autor: Sophie Kinsella
Páginas: 378
Editora: Record
Ano: 2018
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      Quem me acompanha por aqui há mais tempo já deve saber que sou completamente apaixonada pelos livros da Sophie Kinsella. Suas histórias são sempre leves, divertidas e tão cativantes que você consegue ler em qualquer hora e em qualquer lugar.  Mas tem que ser mesmo para sempre? é o meu quarto contato com a  escrita de Sophie Kinsella e confesso que a autora me surpreendeu bastante, ao presentear seus leitores com uma história bem auto astral, mas que também abre espaço para um lado mais dramático.
    O livro traz a história de Sylvie e Dan, um casal que há dez anos compartilham todas as características de uma vida feliz: uma bela casa, bons empregos, duas filhas lindas, além de um relacionamento tão simbiótico que eles nem chegam a completar suas frases - um sempre termina a frase do outro.
   No entanto, quando os dois vão ao médico um dia, ouvem que sua saúde é tão boa que provavelmente vão viver mais uns 68 anos juntos... e é aí que o pânico se instala. Eles nunca imaginaram que o “até que a morte nos separe” pudesse significar sete décadas de convivência. Em nome da sobrevivência do casamento, eles rapidamente bolam um plano para manter acesa a chama da paixão: de um jeito criativo e dinâmico, passam a fazer pequenas surpresas mútuas, a fim de que seus anos (extras) juntos nunca se tornem um tédio.
   Porém, assim que o Projeto Surpresa é colocado em prática, contratempos acontecem e segredos vem à tona, o que ameaça sua relação aparentemente inabalável. Quando um escândalo do passado é revelado e algumas importantes verdades não ditas são questionadas, os dois - que antes tinham certeza de se conhecerem melhor do que ninguém - começam a se perguntar: Quem é essa pessoa de verdade?

   Mas tem que ser mesmo para sempre? é narrado em primeira pessoa pela protagonista Sylvie, desta forma acompanhamos bem de perto todas as suas ideias mirabolantes, pensamentos e também seus anseios. A escrita de Sophie Kinsella segue o estilo que a consagrou: descontraída, bem humorada e alto astral. Entretanto, nessa história a autora nos mostra um lado que até então era desconhecido, onde logo após a metade do livro toda essa atmosfera mais cômica vai mudando gradativamente até que estejamos envolvidos em um drama intenso. Sendo assim, devo avisar aqui que se você busca uma leitura totalmente descontraída e engraçada pode ser que se decepcione. Para iniciar essa leitura esteja disposto a viver esse drama com Sylvie, e já adianto que é tudo muito intenso e envolvente, Sophie Kinsella soube conduzir a historia extremamente bem e durante toda a leitura me senti envolvida nas questões dos personagens e só consegui fechar o livro quando cheguei na última página!
    Os personagens foram muito bem construídos e nos conquistam daquele jeito fácil que só a Sophie Kinsella é capaz! Sylvie é uma mulher que se prende firmemente em suas paranóias, ciúmes - justificado pela premissa da obra -, egoísmo e confusões, fazendo com que a história gire em torno dessas especulações que começam a consumi-la. Porém, é muito interessante e divertido acompanhar as várias camadas de personalidade que Sylvie possui e sua evolução é o ponto alto do livro. Já Dan, é um homem extremamente misterioso e durante todo o livro fiquei me roendo de curiosidade para saber o que de fato ele escondia.
    Muito mais que um chick-lit, Mas tem que ser mesmo para sempre? é um livro que fala muito sobre longevidade, lealdade, casamento e parceria. Mas, principalmente, é um livro que nos faz pensar sobre o quanto estamos dispostos a mudar quem somos para agradar o próximo. Será que vale a pena ser uma imitação de nós mesmos para agradar quem amamos? Essa é a questão do livro! Sylvie sempre viveu dentro de uma bolha, todos queriam protegê-la e, assim, ela acaba se tornando a “princesa Sylvie”, sempre tomando atitudes para agradar todos a sua volta. Desta forma, quando ela toma um choque de realidade e resolve tomar para si as rédeas da própria vida é muito encorajador e encanta o leitor de um jeito sem igual.
    Enfim, Mas tem que ser mesmo para sempre? foi uma leitura que me surpreendeu muito, estava esperando algo descontraído e encontrei uma história misteriosa, dramática e até inspiradora... Sophie Kinsella se reinventou e aumentou ainda mais a minha admiração por essa autora tão especial!